Junto ao Forte de São Diogo, também referido como Forte do Zimbreiro,
construído no contexto da crise de sucessão de 1580, encontram-se
quatro estruturas hipogéicas, escavadas minuciosamente no tufo
vulcânico que aí se encontra e com funcionalidades difíceis de
entender à luz de uma cultura europeia seiscentista ou setecentista.
Uma delas funciona com calendário solar e duas delas aparentam ter
tido funcionalidades ritualísticas. São misteriosas, pela tipologia de
construção, pela sua disposição espacial e pelos pormenores técnicos
envolventes. Uma datação relativa aponta para épocas muito anteriores
à presença portuguesa na ilha, necessitando-se neste momento de uma
investigação mais aprofundada para as situar adequadamente no seu
tempo cronológico.
As prisões filipinas, assim classificadas, por se admitir que foram
construídas no tempo de Filipe II de Espanha, são construções
trogloditas, desfasadas na história e no tempo. Assemelham-se às
construções trogloditas da Turquia ou Tunísia, sem paralelos com as
construções medievais portuguesas ou espanholas. Há uma clara ligação
entre essas estruturas, que bem podem ter sido reutilizadas, com
aquelas que se encontram junto ao Forte de São Diogo, na mesma
fortaleza. Sendo as primeiras muitas arcaicas, estas segundas também o
serão. Sendo estas segundas construídas num período histórico, então,
as primeiras também o foram. A investigação de umas não pode ser
separada da investigação das outras.
Há claras disparidades entre a lógica construtiva da Fortaleza de São
João Baptista e a destas estruturas pelo que quem as visita perceberá
o salto no tempo que se dá, num simples atravessar de porta.
Félix Rodrigues