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Património subaquático da baía de Angra

Fotografias de Luis Quinta
Conheci o Luís Quinta em 1996 nos Campeonatos Nacionais de Fotografia Subaquática, modalidade em que cedo se destacou vencendo em inúmeros concursos de fotografia e obtendo resultados que o levaram a representar Portugal em sucessivas Competições Internacionais. Confesso que naquela altura me fazia confusão como é que imagens de tanta sensibilidade poderiam ser pontuadas de um modo tão cru e insensível. Como é que se poderia competir por esta arte? Com o tempo habituei-me a perceber quando é que um peixe está em boa posição para a imagem, quando é que se pode considerar uma boa macro ou quando é que o modelo está ou não bem posicionado. Passei também a ajudar, sempre que fazia equipa com o meu pai, também ele fotógrafo subaquático, na escolha de imagens e a perceber os critérios da qualidade da fotografia subaquática.

Foi pois com grande satisfação que recebi o convite do Luís Quinta, após o contacto da Câmara de Angra do Heroísmo, para lhe mostrar a baía de Angra pela perspectiva do património. Foi uma oportunidade de colaborar na busca de bons motivos de registo que tão bem conheço pois a baía de Angra, apesar de ser um porto, é também um meio rico em biodiversidade que pode ser observada e desfrutada por quem mergulha nestas águas, sendo ao mesmo tempo uma zona protegida com o estatuto de Parque Arqueológico.

Sabemos que o Luís Quinta ao longo do seu percurso fez vários trabalhos de grande qualidade sobre os Açores, nomeadamente as suas fotografias sobre cetáceos, entre outros que nos encantam e deslumbram. No entanto, nunca tinha sido seu objectivo retratar o meio subaquático da baía de Angra. O registo fotográfico em arqueologia é um dos métodos mais importantes para a interpretação e estudo e nem sempre as questões estéticas estão subjacentes a esse registo. Contudo ter a oportunidade de partilhar da visão dos sítios arqueológicos subaquáticos com o Luís Quinta foi fantástico uma vez que permitiu olhar para o mesmo lugar através de um outro olhar.

Nesta exposição podemos apreciar imagens que vão desde vestígios de um naufrágio do século XVII, a canhões e às grandes âncoras deixadas pelos navios que escalaram o porto de Angra bem como imagens do bem conhecido Lidador, um vapor que naufragou em frente ao cais da Figueirinha em 1878. Igualmente encontramos nesta exposição imagens de espécies marinhas que poderiam ser captadas em qualquer zona dos Açores, mas que estão presentes também aqui no interior da baía de Angra e que, sob a objectiva do Luís Quinta, nos são reveladas de uma forma extremamente bonita e plástica. Pela câmara do Luís Quinta é-nos mostrado esse meio que não é observável por aqueles que não mergulham. Para os que mergulham o Luís trás uma abordagem que nos obriga a distanciar do que estamos habituados a observar e por exemplo, conseguirmos apreciar a beleza, a textura das cores e a composição de uma Água Viva.

Ao visitarmos esta exposição, mergulhadores ou não mergulhadores podemos tomar contacto com este universo subaquático onde património arqueológico e biodiversidade se misturam e convivem lado a lado.

Catarina Garcia, Arqueóloga Subaquática

2021 © Câmara Municipal de Angra do Heroísmo

Última actualização em 2020-12-27