O tempo é um crivo poderoso, capaz de tornar insustentável alguns negócios e de promover outros à categoria de Comércio Tradicional. Num percurso por Angra é possível encontrar alguns desses estabelecimentos, lojas de pequena/média dimensão, com uma oferta por vezes mais generalista do que se esperaria encontrar. A venda é feita ao balcão, numa relação estreita entre cliente e vendedor.
A centralidade dos estabelecimentos, nas principais artérias da cidade, ajudou a que estas lojas perdurassem no tempo, mantendo durante décadas, ou mesmo desde sempre, uma gestão predominantemente familiar. Tendem a perpetuar o nome e, por vezes, quando tal não acontece, o povo teima em usar aquele pela qual sempre foi conhecido.
A sua história confunde-se com a do lugar e das pessoas. Arrastam consigo décadas de existência e de memórias de um passado sempre presente. É um tipo de comércio urbano que resiste sem evidente estratégia de crescimento, mas não é isso que lhes importa. Interessa sim continuar a acreditar que, no final do dia, a história pesa quase tanto como a receita.