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Jardins

Basta pensarmos nos primeiros povoadores que chegaram aos Açores para percebermos o quanto o cultivo de plantas é algo inerente e fundamental à condição humana. Mas, se primeiro esteve em causa a sobrevivência, nestas ilhas rapidamente o cultivo de espécies botânicas evoluiu para propósitos mais decorativos. Já no século XVI surgem na Ilha Terceira registos de plantas com estatuto de ornamentais.

Começaram a construir-se pequenos espaços ajardinados nas quintas de recreio daqueles com mais posses e de condição social mais elevada. Aliás, exibir exemplares de plantas exóticas demonstrava prestígio e estatuto social por ser algo que não estava ao alcance de qualquer um. Só os ricos proprietários tinham a possibilidade de tirar retratos de família nos seus jardins, junto de uma flora tão incomum.

As navegações que provinham das regiões ultramarinas, foram decisivas para enriquecer esses jardins. Angra tornou-se numa escala obrigatória na rota de regresso da grande maioria desses barcos. Chegavam espécies exóticas das Áfricas e das Américas que eram introduzidas localmente. Devido ao nosso clima singular, algumas delas passavam nestas ilhas por um processo de “aclimatação” antes de rumarem aos rigores da Europa. Primeiro como espaços privados e depois como espaços públicos, os jardins há muito que mantém um importante papel na vida dos angrenses e da história desta cidade.

O crescimento urbano, a partir do século XIX, traz-nos a noção de jardim público e de espaço verde. Desenvolvem-se no concelho os chamados Passeios públicos. Estes passeios são muitas vezes o local onde se organizavam eventos, ou se assistia a acontecimentos regulares, aproveitando as damas e cavalheiros para alguma ostentação social. Angra não foge à regra. Os primeiros que foram estabelecidos para recreio da população acabaram por desaparecer, mas hoje a cidade possui alguns jardins que valem não só pelo património botânico e uso recreativo, mas também pela estética dos espaços, arte e uso cultural. À promoção do bem-estar e qualidade de vida é preciso não descurar o papel que estes pequenos redutos verdes em espaço urbano mantêm no controlo da biodiversidade animal (e. g. entomófila) e ao nível microclimático (termorregulação, controlo de humidade ou produção de oxigénio).

2021 © Câmara Municipal de Angra do Heroísmo

Última actualização em 2021-06-12