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Padrão do Pico das Cruzinhas

Optou a Comissão para a comemoração do V centenário da descoberta dos Açores por construir na ilha Terceira um monumento evocativo dessa efeméride. Discutiram-se vários projetos acabando por se decidir erguer um padrão à semelhança daqueles que foram colocados aquando das descobertas: colunas de pedra gravadas com inscrições e com as armas portuguesas, destinadas a afirmar a soberania do Reino sobre o local onde eram depostas. O local escolhido foi o Pico das Cruzinhas, a mais baixa das 4 elevações do Monte Brasil, com 168 metros de altitude máxima. Em cartas antigas vem referido como o Pico das Cruzes, vendo-se desenhadas as 3 cruzes que aí teriam sido edificadas, mas que o tempo se encarregou de as fazer desaparecer.

Em 1932, no mesmo lugar ou em lugar próximo, foi construído o miradouro do Pico das Cruzinhas e erigido o Padrão Comemorativo do V Centenário da Descoberta dos Açores. Ascendendo por uma escada com 4 degraus ou por uma rampa instalada ao lado, subimos a um recinto quadrangular delimitado por uma varanda que tem por elemento repetitivo a cruz da ordem de cristo. Ao centro desta plataforma foi edificado o padrão, um plinto quadrangular de faces almofadadas com 3 degraus na base, terminando numa cornija, sobre o qual assenta uma coluna cilíndrica de 15 metros de altura, com dois anéis salientes acima da base e no cimo da coluna outros dois mais espaçados, terminado no capitel ornado com motivos vegetalistas. Acima está um bloco de quatro faces, almofadadas, onde figura em relevo: a data de 1432 que tradicionalmente marca o descobrimento dos Açores (face este); uma Caravela de velas latinas, tipo de embarcação usado na epopeia dos descobrimentos no século XV e XVI (face sul); a data de 1932 que comemora o V Centenário sobre este acontecimento e a inauguração deste monumento (face oeste); o Escudo Português, principal símbolo da nação (face norte). Este bloco sustenta a Esfera Armilar, importante instrumento de navegação que surge aqui como mais uma referência aos descobrimentos e a encimar o monumento está a Cruz da Ordem de Cristo. Toda a estrutura está feita em cimento armado.

No final da manhã do dia 29 de agosto de 1932 foi inaugurado este monumento. Perante a guarda de honra do exército sob comando do Capitão Albano Dias, de um contingente da marinha que guarnecia a embarcação Vasco da Gama, de um corpo de escuteiros e da Banda Militar que tocava o hino nacional, a população que se deslocou ao Monte Brasil presenciou à chegada das autoridades militares e civis. Enquanto a Banda Militar tocava o Hino da Maria da Fonte, o capitão de mar e guerra António da Câmara Melo Cabral, comandante da “NRP Vasco da Gama”, em representação do Governo português, cortou a fita de inauguração, soando uma salva da artilharia que ali estava postada. Subindo todos ao miradouro, ouviram o discurso de Frederico Lopes. Encerrado o momento lavrou-se o auto de inauguração respetivo.

Hoje, do Miradouro do Pico das Cruzinhas desfruta-se de uma das panorâmicas mais impressionantes sobre a cidade de Angra do Heroísmo e sobre o litoral sul, o que faz deste um dos miradouros mais visitados da ilha, tendo sido colocado um leitor de paisagem em azulejo para ajudar a interpretar a cidade.

Em 2017 organizou-se a comemoração dos 85 anos da inauguração deste Padrão, com uma exposição no hall superior do edifício dos Paços do Concelho, que surge na sequência do restauro que nesse ano este monumento sofreu, uma obra urgente tendo em conta a degradação de que padecia após 85 anos sem qualquer intervenção de beneficiação.
Paulo Barcelos – CMAH

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Última actualização em 2022-08-19