Morreu o Mestre Manuel Félix Tavares, o decorador de igrejas e impérios do Espírito Santo.
Na Ilha Terceira onde a devoção do Espírito Santo atinge proporções admiráveis pelo grande número de impérios em todas as freguesias dos seus concelhos, devoção que veio com os primeiros colocados, chegando a atingir tal grau de esplendor que se gostavam fortunas com as tradicionais «funções do Espírito Santo», o que motivou uma carta régia proibindo tais excessos, há uma figura que se distinguiu nos últimos tempos, ornando de pinturas simbólicas os impérios e as despensas. É o mestre Félix pintor, de quem o «Jornal de Angra», em seu número especial, consagrado a estas populares festas, prestou sua homenagem onde colhemos estas frases para que arquivada fique nesta página que a secunda: «Por esses campos fora, à volta dessa entrada interminável que corre à roda da ilha e aperta no mesmo abraço todas as povoações onde a vida da nossa gente mais palpita – nas Cinco Ribeiras, nas Doze, no Raminho, nos Altares, no Cantinho e em São Bartolomeu, no Cabo da Praia, no Porto Judeu e nos Biscoitos – a obra enorme do mestre Félix grita-nos na tinta berrante das decorações, o eco saudoso da sua memória, vincando a tradição, a amarrando-nos a um passo que nos prende, porque muito de grande nos mostrou, na generosidade, na singeleza, no perdão e no amor, que são os predicados característicos da alma lavada e limpa do nosso povo!».
Justo é que consagremos ao popular artista uma página das que compõe orações de saudade.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 376, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.