Numa Quinta-feira Santa, a companhia da Ribeirinha comandada pelo capitão Manuel Jaques de Oliveira, entrou na cidade para o ataque aos castelhanos; e sabendo que acabavam de ser repelidos os atacantes da fortaleza de São Sebastião, pelos 25 soldados nela entrincheirados com seu comandante Respanho, se dirigiu aos local com a sua companhia em ordem de batalha, acompanhado de muitas mulheres daquela freguesia que seguiam seus maridos e filhos, e cometeu a fortaleza, dando sobre ela tão repentino assalto que logo a tomaram, entrando nela, ferindo soldados e prendendo o seu capitão castelhano, que deixara uma mina de pólvora, a que não pôde lançar fogo, e encravadas as quatorze peças que lá estavam, por as não poder retirar. Alguns soldados castelhanos fugiram pela abóbada abaixo, para o mar, acolhendo-se ao castelo do Monte Brasil onde estavam os demais com o seu general D. Álvaro de Viveiros. O capitão Manuel Jaques se assenhoreou da fortaleza que conquistara e a governou por algum tempo, em prémio da sua rendição, até que foi dada, depois, a Luís Cardoso Machado, que a teve por mercê régia.
E a luta se continuou pela cidade contra o castelo, e nela se viam mulheres, daquelas que acompanharam os seus e lhes prestaram o auxílio necessário, não raro se envolvendo em rixas na defesa da causa nacional, em que sempre tomaram parte as mulheres terceirenses, desde a célebre batalha da Salga, em 1581, contra a Espanha.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 112, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.