O Padre António Vieira institui a devoção do terço nas ilhas dos Açores.
Em 1654 saiu do Maranhão em viagem para Lisboa na companhia de dois religiosos e outros companheiros, em número de 40 pessoas, o Padre António Vieira. Com 60 dias de viagem foram assaltados por tormentosa tempestade, perto dos Açores, colocando o navio à mercê das ondas. Um navio de piratas holandeses se aproximou, apoderando-se do que traziam e lançando-os na ilha Graciosa, onde permaneceram dois meses, passando então para a Terceira e para São Miguel, onde pregou e instituiu a devoção do «terço», chamando-se, a uma ermida de Angra, por esse facto, a «ermida do terço».
Em 24 de outubro de 1654 saíu dos Açores, não os esquecendo jamais; pois que, em vários sermões pregados, se refere, muitas vezes, a estas ilhas, aludindo à sua passagem por elas e à sua história famosa, como se vê nos seus «Sermões». Na capela real de Lisboa, em 1665, na igreja da Misericórdia da Baía, em 1637, referindo-se ao terramoto de 1614 que arrasou a Vila da Praia na Terceira; e, na ilha de São Miguel, na igreja do Colégio, falando da vida de Santa Teresa, narrou a sua viagem tormentosa, como conta o Padre André de Barros. Pregando na Sé de Angra, a igreja se encheu de tal forma que por toda a rua, até à Praça Velha, se viam montões de gente. Foi este acontecimento um dos mais notáveis na história açoriana, não só honra de ouvir, nos seus púlpitos, o notável orador português, como pela lembrança que de nós conservou, referindo-se, em suas pregações, à história dos Açores.
Faleceu no dia 20 de agosto de 1846. Nesta família há pessoas de distinção intelectual e social.

In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 304, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.