Saíram os castelhanos da fortaleza do Monte Brasil com armas e bagagens, desfilando em ordem pela frente da tropa açoriana, que se achava em armas para a continência devida ao valor e à lealdade dos vencidos. E, caso notável, bem revelador da nobre alma açoriana, em todos os rostos borbulhavam lágrimas ao ver o estado dos infelizes prisioneiros, que mal podiam andar.
Dos 500 homens recolhidos, saíram apenas 150, capazes de servir; pois, durante o assédio, excedeu 300 o número de mortos na fortaleza, pela fome, pela doença e pelo fogo da artilharia dos nossos.
Frei Manuel dos Santos subiu à guarita da parte da cidade e desfraldou o pavilhão português que ele próprio havia preparado com cuidado e sigilo. As chaves foram entregues ao capitão de Angra, João de Bettencourt Vasconcelos.
Durante o tempo que esperaram o embarque para Espanha, ficaram na cidade, sob a vigilância e guarda dos soldados terceirenses.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 90, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.