El-Rei concede o hábito de Cristo ao terceirense Sebastião Correia de Lorvela.
«El-rei nosso senhor havendo respeito aos serviços que Sebastião Correia de Lorvela, filho de Tomé Correia da Costa que foi cavaleiro fidalgo, natural da Ilha Terceira, fez levantando na dita ilha oitenta e cinco soldados com que foi servir ao Brasil por capitão deles e saindo da Baía por capitão dum navio em companhia do Conde da Torre, se achar na briga que teve com a armada holandesa donde foi rendido e estropiado de muitas feridas, procedendo com satisfação e servir depois naquelas partes e na dita ilha mais de dois anos: assistindo no sítio que se pôs à fortaleza da cidade de Angra até se reduzir à obediência de S. M. e tendo consideração aos serviços do dito seu pai, feitos por tempo de 14 anos na mesma ilha e nas armadas e aos de seu avô Sebastião da Costa Correia e os de seu tio Alexandre Moreira…… Há S. M. por bem lhe fazer mercê da comenda de Cristo».
De facto Lorvela se achou combatendo em Alcouchel e Vila Nova del Fresmo, assistiu na praça de Olivença, na defensa da praça de Elvas, acudiu ao presídio de Cascais, foi capitão de mar e guerra do galeão «S. Gonçalo», em que veio às ilhas levantar o terço de 1.200 infantes com que partiu para o reino em serviço da Pátria; assistiu combatendo nas campanhas de Arronches, Juromenha, nos recontros de Estremoz e no Dejebe, na batalha de Ameixeal, etc. No Brasil se bate, com 85 soldados, ao lado do Conde da Torre, contra a armada holandesa.
A sua vida constituiu uma odisseia de heroísmo.

In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 288, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935