Cronologia


sábado, 26 de agosto de 1595
Morreu, em Paris, D. António Prior do Crato, que, nos Açores, foi aclamado rei.
Nunca a desgraça deixou de perseguir este infeliz príncipe, cujo abrigo sincero e valoroso lhe ofereceu a ilha Terceira, onde foi aclamado e mantido rei, durante dois anos. E o seu reconhecimento se provou manifesto em seu testamento feito em Paris onde foi terminar seus dias, pobre, desajudado, na soledade torturante do seu desterro : «Se haja respeito aos nascidos nos Açôres», como refere D. António Caetano de Sousa na «História Genealógica».
É com sentido afeto que Gaspar Fructuoso relata o facto, pouco conhecido, de ser Frei José Teixeira, confessor de D. António, o que o acompanhou até aos últimos momentos, desde a aclamação, em Santarém, como durante o seu efémero reinado, presenciando as lutas na terra e no mar, sendo prisioneiro em Ponta Delgada e conduzido a Lisboa donde se evadiu continuando a acompanhar o infeliz príncipe, defendendo-o, amparando-o com a sua palavra eloquente, a sua diplomacia, o seu conselho autorizado e prudente. Perseguido por Filipe de Castela encontrou, por fim, o auxílio da princesa de Condé, Carlota Catarina de Tremonille, que ele convertera ao catolicismo. Deixou algumas obras que falam de D. António; e outras, por este escritas, referem a sua vida, as suas intenções, os seus desenganos, o seu torturante martírio ao presenciar como os portugueses se deixaram subjugar vencidos pelas honrarias e pelo ouro de Castela, largamente distribuídos pela mão de Cristóvam de Moura.
Assim morreu o que reinou nos Açores.

In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 263, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.

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Última actualização 2025-06-07->