No dia de Sant'Ana, chegava o príncipe D. António, Prior do Crato, aclamado e mantido como rei de Portugal, na Ilha Terceira, desembarcando na Vila de S. Sebastião, duas léguas distante da cidade de Angra onde era esperado, recusando-se a desembarcar ali em consequência do grande desgosto que trazia pelo desastre da sua armada, em águas de S. Miguel.
A cidade havia-se preparado para o receber, com arcos triunfais e uma ponte de cedro que conduzia ao cais, determinando que D. António fosse habitar os palácios em que residia o Conde Manuel da Silva, os quais se encontravam ricamente mobiliados, no entanto o Prior do Crato preferiu desembarcar assim, num modesto porto, fugindo a festas e alegrias que não suportava seu ânimo abatido.
Acompanhavam-no mil homens de pé e de cavalo e vários cavalheiros que o seguiam desde França. Querendo a Vila de S. Sebastião fazer-lhe festivas manifestações, se limitou a consentir apenas uma missa rezada na igreja principal, a que assistiu com a sua comitiva, marchando em seguida, por terra, com a sua guarda, para a cidade até chegar ao portão de S. Bento onde se demorou, por ali virem, a beijar-lhe a mão, os oficiais e pessoas de representação, logo abraçando o governador Ciprião de Figueirêdo, a quem pôs à sua direita e o conde à esquerda.
Ali o foram cumprimentar, o senado, com um luzido cortejo, falando um religioso, Fr. António Merens, seguindo D. António, montando um pequeno cavalo.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 232, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.