A ilha Terceira recebeu com festa a deputação que fora enviada a cumprimentar D. António.
Porque grande confusão havia na ilha Terceira por se ignorar o estado da causa do príncipe D. António, Prior do Crato, aqui aclamado e mantido como rei de Portugal, resolveu a Câmara de Angra enviar alguns emissários a indagar do ocorrido, sabendo novas em Lisboa.
Recaiu a escolha em Estevam Cerveira, Jorge Lopes, procurador dos mistéres e Frei Melchior pregador da ordem de São Francisco, que imediatamente se embarcaram, com esse intuito, na caravela do piloto terceirense Gaspar Alvares Chichorro, os quais foram encontrar D. António deitado numa cama, doente, em Aveiro, a curar as feridas recebidas em Alcântara, no combate que lá fora travado com as forças de Filipe I.
Ali foram recebidos os nossos, com demonstrações de prazer e estima, ouvindo as narrativas dos factos ocorridos na capital e expondo, também, por sua vez, o estado em que se encontrava a Terceira sempre firme ao príncipe português, jurado e obedecido no Arquipélago. Ofereceram, os enviados, em nome de toda a população açoriana, pessoas, fazendas, vidas e honra. O rei os abraçou agradecendo-lhes e afirmando a confiança que tinha na sua aclamação, pois contava com forças que se lhe reuniriam em Coimbra e auxiliares poderosos de França.
Chegando a Angra, os enviados, o povo os esperava com grandes festas. Frei Melchior entrou na igreja da Misericórdia, e, do púlpito, fez a narração de tudo, persuadindo-os a manter o juramento feito.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 262, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.