Acontecia a Batalha da Salga entre a armada Espanhola e os partidários de D. António.
Estando aclamado e mantido como rei D. António Prior do Crato, a Ilha Terceira, único ponto dos domínios de Portugal onde se erguia ainda a bandeira das quinas, mandou Filipe I uma esquadra a subjugá-la. No dia 5 de Julho surgiu ela ao largo da baía de Angra. Ciprião de Figueiredo, o grande português que governava o Arquipélago, por D. António, tendo seu assento na Terceira, capital dos Açores, mandou colocar vigias em vários pontos.
Após 20 dias de absoluto sossego, surge, na pequena enseada da Salga, no lugar do Porto Judeu, a armada que tinha por comandante D. Pedro Valdez que lançou em terra cerca de mil homens, escolhidos de entre os melhores guerreiros.
Pequena era a força que defendia aquele ponto, não excedendo 50 homens mas o sinal de alarme retumbou nas torres das igrejas e breve apareciam forças de toda a parte, travando uma luta encarniçada, corpo a corpo. Brianda Pereira, armando as mulheres do sítio, combatia à frente delas.
Um frade graciano, Frei Pedro, lembrou Ciprião de Figueiredo que se lançasse, sobre os assaltantes, gado bravo, toiros, que ali perto pastavam. Assim se fez e ali ficaram os mil de Castela, sepultados em poços e nas águas do mar.
O «leão do meio dia» era derrotado nem pequeno rochedo açoriano.

In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 231, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.