Vasco Anes Corte-Real, filho de João Vaz, foi mandado à descoberta da ilha da Garça.
Pela morte de João Vaz Corte-Real sucedeu na capitania de Angra seu filho primogénito Vasco, irmão de Gaspar e Miguel Corte-Real, o que lhe foi confirmado por carta de 2 de julho de 1494, um ano após a morte do pai. Era Vasco Anes já senhor da Fazenda. Pelos seus serviços em África onde se distinguiu derrubando e cativando, em 1495, o chefe mouro Ali-Barraxo, senhor de 22.000 soldados, levaram-no à mais alta consideração da corte e a exercer o cargo de cavaleiro do conselho do rei D. Manuel, e outras mercês entre as quais a do monopólio da venda do sal na Terceira, a doação da propriedade dos ofícios de almoxarife e seu escrivão, de juiz dos órfãos e de escrivão da Câmara da Ilha da Garça, «que ele ora manda descobrir» por carta de 23 de agosto de 1521 e 9 de setembro de 1522.
Como se vê, eram as descobertas os sonhos de ambição dos Cortes-Reais, desde João Vaz, o descobridor da Terra Nova, a seus filhos Vasco, Gaspar e Miguel, que bem podem enfileirar ao lado de Bartolomeu Dias, Pedro Alvares Cabral, Vasco da Gama e quantos correram a esteira virgem das águas dando novos mundos ao Mundo, escrevendo com a sua audácia os maiores capítulos da história universal.
A odisseia dos Cortes-Reais, que teve seu início em João Vaz, se continuou em seus filhos, e ainda se viu, em nossos dias, na jornada aventureira de Francisco Moniz Barreto Corte-Real que atravessou noventa milhas num barco de papel.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 260, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.