Dona Violante do Canto embarcou, com honras principescas, na armada de Castela.
Dona Violante do Canto, a neta do provedor das armadas açorianas, Pedro Anes do Canto, sobrinha de Francisco do Canto, um dos fundadores da cidade da Baía, foi aquela dama, figura varonil, de ânimo generoso e franco, coração ardendo na chama do amor sagrado da Pátria e da Independência, que pôs toda a sua enorme fortuna à disposição da causa do Prior do Crato. Vencida a ilha Terceira pelas tropas do Marquês de Santa Cruz, foi este visitar, solenemente, a dama terceirense e convida-la a seguir na armada vencedora, para Espanha. Era necessário afastá-la da sua terra onde era querida e respeitada.
Saiu a fidalga com sete mulheres graves, como nota o historiador Cordeiro, duas donas e cinco aias, vinte e um criados, entre escudeiros, pagens e homens de esporas, além doutros fidalgos seus parentes. Ia vestida de baeta negra e suas damas e aias de roxo. Chagando a Cádiz foi cumprimentada com salva real e a bordo foram todos os grandes de Espanha em sinal de homenagem. Entrando no porto de Santa Maria, foi recebida com as mesmas honras, cantando-se um «Te-Deum»; visitada de generais, bispos e cardeais e todos os fidalgos espanhóis, fixaram seus aposentos na cidade de Jaen, no mosteiro de Santa Clara onde o bispo a entregou à abadessa e a receberam as religiosas com repiques e festas. O rei Filipe lhe escolheu, para marido, o fidalgo Simão de Sousa e Távora, com quem casou.
Deste casamento não ficou descendência. D. Violante jaz sepultada em terras de Espanha.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 257, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.