A ilha Terceira recebe, com grande Júbilo, a nau Francesa comandada por Eschalim.
Naqueles tempos ansiava o povo por notícias da capital, em luta de sucessão.
Entrou a nau fazendo muitos sinais de alegria, soltando a tripulação vivas a D. António. Correu o povo imediatamente ao desembarque, a saber notícias do seu rei que alguns diziam estar em França a preparar um grande exército que viria destronar o primo, Filipe de Castela.
As manifestações populares atingiram o cúmulo, como narra um cronista da época:
«Homens, mulheres, velhos e crianças pareciam doidos. Foi António Eschalim conduzido a terra, oferecendo-lhe boa casa e bem provida de boas iguarias. Isto foi numa sexta feira e assim no sábado e domingo tudo foram festas. No domingo foi a cidade enramada pelas ruas de pomos e verduras, painéis com dísticos alegóricos; com muitas chacotas apareceram danças, vendo-se nas ruas correr alguns chafarizes de vinho. Os da governança da terra foram com muita gente nobre pela cidade com o dito António Eschalim e sua gente da nau em solene digressão, e os levaram pelas ruas fazendo-lhes estas festas e muito mais era do que eu digo».
Isto prova quanto D. António era querido da gente desta ilha, o que se demonstrou nos combates havidos, nos sacrifícios feitos, para sustentarem o juramento de fidelidade prestado ao príncipe português, filho da casa de Aviz, que lutava pela independência e integridade da Pátria contra os partidários de Espanha e os vendidos ao seu ouro.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 32, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.