São instalados, na fortaleza de São João Baptista os régulos do país de Gaza, presos por Mouzinho de Albuquerque.
A bordo da canhoneira «Zambeze» da nossa marinha de guerra, comandante Fronteira Cáceres, chegaram à baía de Angra os quatro prisioneiros de guerra, régulos do país de Gaza – o Gungunhana, o Molungo, o Zixaxa e o Godide – que foram conduzidos ao castelo de São João Baptista sob o comando do general visconde de Vila Nova de Ourém que recomendou rigorosa vigilância para a conveniente segurança dos presos, sem constrangimento para sua situação, dando-lhes por homenagem o recinto da praça, advertindo a guarnição e habitantes do Castelo para que usassem das considerações devidas a prisioneiros de guerra.
Em Monsanto ficaram as dez mulheres dos prisioneiros e o Gó, o garoto cozinheiro.
Os quatro pretos, com homenagem na praça, estavam, durante o dia na caserna da 2.ª companhia do 2.º batalhão, sendo transferidos, de noite, para o calabouço junto à guarda do Paiol. As refeições iam tomá-las ao refeitório dos sargentos, às horas da comida dos oficiais inferiores.
«Imaginai quão grande desdita feriu esses filhos livres da Natureza, e que grande desalento lhes apertará o coração, vendo-se assim privados de tudo que mais amaram na vida: pátria, tesouros, mulheres».
Sobreviveu a todos o Zixaxa, cujo porte era o mais distinto, manifestando astúcia ou inteligência superior aos demais, chegando a falar corretamente o português. Dele ficou um filho, nascido na cidade de Angra, e que se entrega à arte de marcenaria.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 205, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.