Sepultou-se o subdiácono José Lourenço da Rocha, Terceirense, que foi um sábio professor.
O subdiácono José Lourenço da Rocha nasceu nas Doze Ribeiras, freguesia do concelho de Angra do Heroísmo, onde foram sepultados os seus restos mortais e mais tarde trasladados do cemitério para a igreja daquela freguesia, em 5 de outubro de 1846, conforme se vê do auto respetivo que está publicado na «Topografia da Ilha Terceira», do padre Jerónimo Emiliano de Andrade, anotada pelo cónego José Alves da Silva.
Nasceu José Lourenço da Rocha no dia 22 de agosto de 1766; e, quando estudante ainda, foi acometido de uma paralisia, aos 20 anos, não querendo ele próprio passar de subdiácono. Este nome, diz o cónego Alves, é a maior glória não só desta freguesia (Doze Ribeiras) como de toda a ilha. Ele fez a admiração de quantos homens ilustres o conheceram e apreciaram. Foi uma notabilidade nas letras e em virtudes; perfeitíssimo latino, retórico, filosofo e teólogo, soube a fundo o grego, francês, italiano, espanhol, manejando a língua portuguesa com admirável erudição.
José Silvestre Ribeiro o visitava amiudadas vezes, conversando e admirando os seus profundos conhecimentos. Viveu só entregue ao estudo, alheiando-se de tudo quanto o pudesse distrair.
J.A. Guerreiro, membro da Regência, lhe chamava o «ornamento da ilha Terceira».
Morreu com 78 anos de idade, todos consumidos no estudo. Toda a vida procurou passá-la no silêncio da sua freguesia, convivendo com os livros.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 323, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.