Foi passada ordem para se derreterem os sinos das Igrejas e Ermidas para cunhar dinheiro.
Faltando dinheiro para continuar com as grandes despesas da guerra e esgotados todos os recursos da Ilha Terceira para manter as forças liberais, aqui aquarteladas, neste único reduto da constituição, com sacrifício de muitos particulares, pois que todas as classes estavam sobrecarregadas, com encargos pesados e incómodos, além do dispêndio avultado de dinheiro, se ordenou que fossem derretidos os sinos para fazer moeda. Ferreira Drumond, o historiador terceirense, testemunha presencial destas cenas políticas, em que tomou parte, conta assim, com a sua autoridade que lhe dá o cunho rigoroso da verdade:
«Passou-se ordem para esta operação em 16 de dezembro de 1829 e tratava-se de sinos quebrados. Feita a experiência se mandaram apear os de bom uso, de forma que nem os das igrejas paroquiais somente e os das ermidas filiais, senão ainda os dalgumas camaradas, foram levados para o castelo e entregues na fundação que ali primeiro e depois na alfândega se preparou; e com tal rigor se procedeu a este respeito, que muitas igrejas ficaram com pequenas sinetas de que nenhum caso se fazia, sendo muitos anos depois que algumas se proveram à custa de seus rendimentos, o que antes era obrigação do grão mestre da ordem de Cristo. Entregou-se esta diligência ao corregedor Manuel José de Meireles Guerra, que dela foi um acérrimo executor».
Fundiram-se moedas de 80 reis, que mais tarde se aumentou o seu valor para 100 reis.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 375, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.