Nasceu, na Cidade de Angra, o Dr. Manuel António Lino, médico, poeta, músico e floricultor.
Nasceu Dr. Lino na ilha Terceira onde seus pais, da ilha do Pico, haviam fixado residência. Estudante aplicado e inteligente, conseguiu atravessar o seu curso, dos mais brilhantes que há visto Coimbra, sempre classificado com “acessit”. Não se limitou a estudar para passar, senão para saber.
Estabelecido em Angra, foi professor do Liceu, cultor das ciências e das artes, da poesia e das flores, manifestando-se, em tudo, um homem superior, de raras qualidades e muito sabedor. Compôs poesias admiráveis de sentimento e graça; escreveu para o teatro uma opereta: «Rosas e Crisântemos», ornada de música por ele também composta; «Luz Bendita», em verso; e os «Ratos», peça regional de muito engenho. É dele o soneto:
Coração; porque anseias prolongar
Teu martírio, teu áspero sofrimento;
Se a vida, para ti, é um tormento,
De que a morte te pode libertar?
Pois ainda, tens forças p’ra rasgar,
Nos espinhos da dor, do desalento,
As fibras de teu seio turbulento?
É tempo, coração, de descançar.
Busca, na morte, a doce felicidade,
Despede-te da vida, sem saudade,
Sem um pesar sequer, sem um lamento;
E cubram tuas cinzas desditosas,
As nevadas coloras veludosas,
Do edelweiss do frio esquecimento.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 28, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.