Fósseis de plantas

Quando o homem chegou pela primeira vez ao litoral sul da ilha Terceira, onde hoje existe a cidade de Angra do Heroísmo, viu uma floresta. No entanto, alguns milhares de anos antes a floresta era outra e tinha sido destruída por um vulcão que rebentou mesmo ali ao lado, formando o atual Monte Brasil.

Próprio da natureza destas erupções surtseianas, a fase aérea foi pródiga em cinzas que lançadas no ar foram caindo nas imediações. A cinza fina soterrou toda a vegetação que se encontrava na porção mais próxima da ilha. As partes mais resistentes, como os ramos, outras partes lenhosas e folhas mais coriáceas, conseguiram resistir ao calor da cinza que caía, ficando aprisionadas e comprimidas pelo peso deste depósito que lentamente se transformava num tipo de rocha particular, o tufo vulcânico.

Tendo o tufo uma elevada porosidade, algumas décadas terão bastado para que toda a matéria orgânica tivesse desaparecido, deixando impressas no interior da rocha as marcas da sua existência.

Hoje, quando em Angra se escava mais fundo algum alicerce, ou se faz recuar algum barranco, encontramos frequentemente, nos pedaços quebrados de tufo, orifícios que antes estiveram preenchidos por ramos ou impressões deixadas pelas folhas. Este tipo de fossilização por moldagem permite facilmente identificar folhas de louros e de heras, as mais comuns, embora tenham sido identificadas já impressões de folhas de pau-branco, faia-da-terra e do feto Pteris incompleta. Talvez um olhar mais atento pudesse levar a novas descobertas.
Paulo Barcelos – CMAH

2021 © Câmara Municipal de Angra do Heroísmo

Última actualização em 2021-07-02