Nos anos após o sismo era voz corrente que seria construído um monumento para assinalar a data de 1 de janeiro de 1980, simbolizando a destruição e o reerguer da cidade de Angra do Heroísmo. Após quase 4 anos sobre o nefasto acontecimento, sem que qualquer outra entidade tivesse avançado com a criação de um marco que comemorasse essa efeméride, a Associação Os Montanheiros, numa altura em que também estavam sem sede em consequência do terramoto, não quis deixar passar mais tempo sem assinalar publicamente a data, decidindo então construir um monumento evocativo à memória do Sismo de 80. Propôs à Câmara Municipal de Angra do Heroísmo a possibilidade de se erguer o monumento no gaveto situado no início da Ladeira de S. Francisco/Rua da Garoupinha, conhecido por Largo de Santo Cristo tendo a autarquia mostrado completa disponibilidade em aceitar tal sugestão e colaborar nesta iniciativa.
Com algumas obsidianas que os Montanheiros recolheram numa ribeira junto à Mata da Serreta elevou-se esta memória. A escolha desta rocha, que encontra na ilha Terceira a sua maior expressão no contexto regional, pretendeu conferir identidade e unicidade a um monumento que representa um evento que atingiu principalmente a ilha Terceira, até então sem paralelo para as gerações que vivenciaram este sismo. Foi pedido a um canteiro que morava no Desterro que talhasse na obsidiana a face onde se assentaram os dois azulejos com as inscrições. A degradação do tempo obrigou a autarquia angrense, há alguns anos, a substituir os azulejos, sendo agora apenas um de maiores dimensões. Pelas 20:30 do dia 30 de novembro de 1983, elementos da Associação Os Montanheiros abriram a cova e assentaram em betão as pedras menores que estão na parte inferior que significam as “ruínas de Angra”, elevando-se no meio destas uma pedra única de maiores dimensões que significa “o ressurgir de Angra das ruínas”. No dia 1 de janeiro de 1984, integrado nas comemorações do 20º aniversário da Associação Os Montanheiros e 4º aniversário deste infeliz acontecimento, foi descerrado este monumento pelo presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo Leopoldino Tavares, na presença do Comandante da Polícia Gualter Machado e membros da Associação Os Montanheiros. Coube a Paulino da Mota Tavares a autoria dos dizeres (abaixo a negrito) impressos no azulejo junto com outra informação: SISMO DE 1-1-1980 / GRAU VII/VIII MERCALLI 15:42 DURAÇÃO 11 SEGUNDOS / HOMENAGEM / AOS QUE PERECERAM / GRATIDÃO A QUANTOS / NO MUNDO / ESTIVERAM CONNOSCO / OS MONTANHEIROS / SOCIEDADE DE EXPLORAÇÃO ESPELEOLÓGICA / COMEMORAÇÃO DO 20º ANIVERSÁRIOS 1-1-1984.
Paulo Barcelos – CMAH