Foi por iniciativa da Junta de Freguesia de São Pedro, no âmbito das comemorações do Dia da Freguesia, que a presidente Fátima Albino Ferreira, pessoa ligava a uma das ganadarias mais afamadas desta ilha, cuidou para que este mural fosse uma realidade.
O mural mostra como os toiros eram conduzidos por aqui entre 1891 e 1957, acompanhados pelos pastores que vinham uns a pé outros a cavalo, munidos dos seus bordões, das vacas de chocalho e dos seus preciosos e inteligentes cães barbados da Terceira. Eram trazidos das pastagens do mato para virem para as touradas à corda ou mesmo para as touradas de praça pois subindo pelas Figueiras Pretas e descendo a Canada Nova de Santa Luzia, chegavam os animais à Praça de Toiros de S. João.
Esta obra pretende perpetuar junto das gerações vindouras o quão difícil e perigoso era esse trabalho que, apesar de não ser de todo invulgar, implicava habilidade e obrigava a um certo recato dos moradores mais próximos, pelo risco que comportava. Não raras vezes fugia um dos touros e até que fosse apanhado causava o susto entre a população.
Segundo o aficionado e investigador José Henrique Pimpão “até cerca de 1957 os toiros eram conduzidos do mato a pé e em pontas, para serem lidados nas freguesias ou na praça. Depois passaram a ir para os arraiais enjaulados em gaiolas de madeira que eram transportadas em carros de bois. Os toiros vinham e voltavam para o mato nas calmas madrugadas.”
Da autoria do artista terceirense José João Dutra, foi inaugurado este mural taurino no dia 19 de maio de 2019 no Largo das Figueiras Pretas, hoje uma rotunda. Com 30 metros de comprimento e 1,50 metros de altura, foi pintado sobre chapa metálica galvanizada com uma tinta especial para este tipo de superfícies, capaz de suportar durante mais tempo a exposição aos elementos climáticos. Colocada num local de bastante visibilidade, esta obra emblemática além de valorizar o espaço envolvente é um motivo de atração da população.
José João Sousa Dutra nasceu em 1970 em Angra do Heroísmo. Vive no Porto Judeu onde tem o seu atelier ART IT’S e onde desenvolve o seu trabalho artístico. É um autodidata nas artes plásticas começando muito jovem a observar alguns mestres da pintura e adquirindo o conhecimento de técnicas e materiais. Começa a sua carreira em 1992 e desde então tem vindo a desenvolver e aprimorado a sua própria técnica e estilo, constando já do seu currículo variados trabalhos nas áreas do desenho de ilustração, cenografia e trabalhos de decoração em espaços comerciais e eventos públicos como no caso particular dos carros alegóricos das festas Sanjoaninas e de outras. Na pintura predomina o uso pela pintura a óleo, assumindo-se como um surrealista. No seu percurso consta também a arte do scrimshaw. Conta já com diversas exposições individuais e coletivas em várias ilhas dos Açores, em Lisboa, Coimbra, Figueira da Foz, Galiza, Califórnia, Cabo Verde, Luxemburgo, França e Mónaco, figurando a sua obra em diversas coleções públicas e particulares, nacionais e internacionais, nomeadamente em diversos museus açorianos como no de Santa Cruz das Flores na Sala dos Corsários e dos Piratas. Nos últimos anos dedicou-se também à arte pública na forma de escultura de grandes dimensões, murais ou estatuária. Destacam-se o “Monumento às Artes” e o “Valentes como a Rocha”. Enquanto formador tem participado em Workshops e além da sua atividade pessoal está sempre envolvido em diversos projetos ligados às artes plásticas.
Paulo Barcelos – CMAH