A iniciativa de se fazer este monumento partiu de uma comissão composta maioritariamente por antigos forcados, que pretendiam desde há muito tempo homenagear essa figura admirada e respeitada pela população terceirense amante da tradição taurina, e simultaneamente assinalar o 45º aniversário do Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, fundado a 24 de junho de 1973. Dessa comissão fizeram parte os seguintes nomes: João Hermínio Ferreira, Adalberto Belerique, António Baldaya, António Ponte, Ildebrando Ortins, Rui Silva, João Paes, Arlindo Teles e José Matos, integrando na vertente técnica o arquiteto José Parreira e os engenheiros Péricles Ortins e Paulo Raimundo.
Após concurso para realização deste monumento ao forcado, a escolha recaiu sobre o projeto do artista plástico terceirense José João Dutra intitulado “Valentes como a Rocha”, uma escultura que pretendia recriar o momento em que um grupo de forcados faz uma pega de caras a um toiro, emergindo o conjunto do solo como as rochas basálticas que sustentam estas ilhas. No dizer do artista: “A ideia é relacionar a dureza deste mineral com o valor dos forcados e do toiro, assim como as origens vulcânicas das ilhas dos Açores”. A maqueta da obra foi apresentada numa sessão pública que ocorreu no edifício dos Paços do Concelho de Angra do Heroísmo, a 27 de novembro de 2017.
O monumento, uma estrutura de ferro revestida com fibra de vidro e resina de poliéster, com cerca de 3,80 metros de altura por 6,50 de comprimento, foi erigida em frente à porta grande da Praça de Toiros Ilha Terceira, e inaugurado no dia 24 de junho de 2018, antes da primeira corrida da Feira taurina das Sanjoaninas, e que marcou a despedida das arenas do cabo Adalberto Belerique após dezassete anos ao comando do Grupo de Forcados.
Com um custo que terá rondado os 65.000 euros, a obra foi custeada a 50% pela edilidade angrense, cabendo à Comissão responsável pela sua edificação participar com a restante verba, tendo conseguido apoios na diáspora e junto de pessoas e empresas locais.
José João Sousa Dutra nasceu em 1970 em Angra do Heroísmo. Vive no Porto Judeu onde tem o seu atelier ART IT’S e onde desenvolve o seu trabalho artístico. É um autodidata nas artes plásticas começando muito jovem a observar alguns mestres da pintura e adquirindo o conhecimento de técnicas e materiais. Começa a sua carreira em 1992 e desde então tem vindo a desenvolver e aprimorado a sua própria técnica e estilo, constando já do seu currículo variados trabalhos nas áreas do desenho de ilustração, cenografia e trabalhos de decoração em espaços comerciais e eventos públicos como no caso particular dos carros alegóricos das festas Sanjoaninas e de outras. Na pintura predomina o uso pela pintura a óleo, assumindo-se como um surrealista. No seu percurso consta também a arte do scrimshaw. Conta já com diversas exposições individuais e coletivas em várias ilhas dos Açores, em Lisboa, Coimbra, Figueira da Foz, Galiza, Califórnia, Cabo Verde, Luxemburgo, França e Mónaco, figurando a sua obra em diversas coleções públicas e particulares, nacionais e internacionais, nomeadamente em diversos museus açorianos como no de Santa Cruz das Flores na Sala dos Corsários e dos Piratas. Nos últimos anos dedicou-se também à arte pública na forma de escultura de grandes dimensões, murais ou estatuária. Destacam-se o “Monumento às Artes” e o “Valentes como a Rocha”. Enquanto formador tem participado em Workshops e além da sua atividade pessoal está sempre envolvido em diversos projetos ligados às artes plásticas.
Paulo Barcelos – CMAH