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Os Montanheiros e a Natureza – uma vida por um ideal

Numa altura em que contava já com décadas de atividade a Associação Os Montanheiros decidiu edificar este monumento, intitulado “Os Montanheiros e a Natureza - uma vida por um ideal”, como forma de perpetuar um compromisso de aliança com a Natureza dos Açores.

Idealizado e executado pelo artista Renato Costa e Silva, o monumento representa um montanheiro com um algar a seus pés, apontando a grande Caldeira do Guilherme Moniz, destino de várias caminhadas, personificando a vida de uma coletividade consagrada à exploração da natureza.

A estrutura foi feita em arame soldado revestido com rede de galinheiro, por dentro e por fora, pintada com alcatrão diluído em diluente celuloso, revestida com uma argamassa feita de cimento, pó-de-pedra, areia, fibra de nylon e cola. Foi depois revestida exteriormente com uma camada de pigmento vermelho e preto a fim de obter uma cor semelhante à bagacina. As letras foram esculpidas e preenchidas com cimento colorido a negro. O acabamento exterior foi feito com verniz de pedra. Estima-se que a escultura terá levado um total de 276 horas para ser executada e consumido 1500 kg em materiais.

A 21 de novembro de 1993 deu-se início aos trabalhos para colocação do monumento. No triângulo onde começa a estrada José Ataíde da Câmara abriram-se os alicerces e encheu-se um pedestal de três metros de diâmetro e um metro de altura. O monumento tinha a sua inauguração prevista para o dia do aniversário da associação, mas apenas a 14 de abril de 1994, o monumento foi transportado da casa do escultor e montado no local, com a ajuda de uma grua da Delegação de Obras Públicas.

Na noite de 29 para 30 de junho 1994 o monumento foi derrubado propositadamente sofrendo a sua estrutura danos consideráveis. Procedeu-se à sua recolocação no pedestal, sendo mais tarde reparado.

Renato Costa e Silva é natural de Angra de Heroísmo (1956). Ainda jovem tomou contacto com notáveis obras de arte em museus europeus. Estuda arquitetura no Canadá, mas não satisfeita a sua incessante busca de conhecimento segue estudando como autodidata. Busca o conhecimento em academias, simpósios, workshops, na literatura e nos grandes mestres que trabalhavam a madeira, a pedra, a cerâmica e o ferro em oficinas e fundições.

Escultor e ceramista, autor e formador, construiu fornos a lenha para cozedura de cerâmica, o seu meio de expressão de eleição, produzindo desde louça de autor e outros elementos, até às esculturas personalizadas. Como ceramista, a pedido da Direção Regional dos Assuntos Culturais faz o Levantamento e Estudo dos Barros da Ilha Terceira e da Cerâmica nos Açores, explorando o potencial e tornando-se num profundo conhecedor dos materiais regionais de origem vulcânica, nomeadamente da composição de pastas com barros vulcânicos, e dos efeitos estéticos destes nas cozeduras a lenha a alta temperatura, cuja técnica foi apurando ao longo dos tempos. O metal e a fibra tornaram-se também elementos frequentes nalgumas das suas obras mais emblemáticas.

Cofundador da Oficina D'Angra é formador em várias oficinas e fez exposições individuais e coletivas em Portugal, França, EUA, Canadá, Bermudas e Kuwait, tendo obras dispersas por várias coleções privadas, museus e outros espaços públicos.

Paulo Barcelos – CMAH

2021 © Câmara Municipal de Angra do Heroísmo

Última actualização em 2024-08-14