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Monumento ao Terramoto de 1980

Aquando do intenso terramoto que abalou a Terceira a 1 de janeiro de 1980, em particular esta zona oeste da ilha, a freguesia de Santa Bárbara foi alvo de um elevado grau de destruição do seu edificado, ficando muitas famílias desalojadas das suas casas. Com epicentro no mar, a cerca de 35 quilómetros a su-sudoeste de Angra do Heroísmo, este sismo destruiu em Santa Bárbara 358 casas e causou 1200 desalojados. A igreja paroquial ficou danificada e sem condições de segurança para nela se realizarem os atos litúrgicos, que passaram a ter lugar no salão paroquial e depois no salão da Filarmónica. Em memória de tão nefasto acontecimento a Junta de Freguesia edificou este monumento para não deixar esquecer as vítimas e tão trágica memória, mas também para honrar todos aqueles que com muito esforço e dedicação lançaram mãos à reconstrução da freguesia e das suas vidas.

Este monumento foi inaugurado no Largo 1º de Janeiro, cujo nome é também uma evocação ao Sismo de 80, pelas 11h00 do dia 1 de junho de 2016, tendo a Junta de Freguesia de Santa Bárbara, além das várias entidades e da população da freguesia, convidado também as crianças da escola local a fim de se manterem informados sobre os acontecimentos que marcaram a história da geração dos seus pais e avós.

O monumento foi erigido numa sobra de caminho entre o atual traçado da estrada regional e o antigo troço que era utilizado. Num chão calcetado foi construído um alçado de uma construção típica rural, como as muitas que existiam até 1980, em alvenaria de pedra à vista com cantarias aparelhadas a formar os cunhais e molduras das janelas e portas, e com alguns apontamentos etnográficos da época como a pia de lavar roupa, mesas e bancos em pedra trabalhada.

Segundo Paulo Mendonça, autor do projeto, as ruínas evidenciam a destruição que ocorreu e lembram a imagem que o sismo deixou na paisagem, cujas marcas perduraram durante muito tempo. A pirâmide simboliza a reconstrução. A sua base alargada significa o arranque, quando tudo estava por fazer e todos os braços eram poucos. Com o tempo foi-se reedificando e estreitando a pirâmide, sendo que ainda hoje se veem marcas que mostram o trabalho inacabado, razão pela qual a pirâmide se apresenta sem a parte terminal. O cimento que a reveste, representa a reconstrução segura que se realizou, com recurso a soluções mais resistentes, onde se vulgarizou o uso de betão, mas mantendo-se, no essencial, a traça original do casario.

A placa invocativa, fixada na pirâmide, tem os seguintes dizeres: “NO DIA 1 DE JANEIRO DO ANO DE 1980, PELAS QUINZE HORAS E QUARENTA E DOIS MINUTOS, / A TERRA TREMEU VIOLENTAMENTE POR UM SISMO COM MAGNITUDE DE 7.2 DA ESCALA DE RICHTER, / COM DURAÇÃO DE ONZE SEGUNDOS. / APÓS O TERRAMOTO, O CAOS INSTALOU-SE NA ILHA E, NESTA FREGUESIA HOUVE UM GRAU ELEVADO / DE DESTRUIÇÃO DE HABITAÇÕES E ANEXOS, / NA SUA MAIORIA DE CONSTRUÇÃO DE PEDRA E CAL, REGISTANDO-SE TAMBÉM ALGUMAS VÍTIMAS. / ESTE MONUMENTO SIMBOLIZA AS CONSTRUÇÕES DO ANTES E APÓS O SISMO, / E PARA MEMÓRIA DESTE FATÍDICO DIA, / QUE SENDO MEMORÁVEL DE CALENDARIZAÇÃO, / FICARÁ PARA SEMPRE NA HISTÓRIA DE TODA A COMUNIDADE BARBARENSE / PELO LUTO, DOR E DESTRUIÇÃO CAUSADOS. / 1 DE JUNHO DE 2016.”

Paulo Henrique Lopes de Mendonça, natural de Angra, formou-se como desenhador de construção civil pelo Gabinete Técnico de Cooperação Profissional de Lisboa, começando a sua vida profissional como professor provisório do ensino preparatório e liceal, ingressando logo depois como desenhador efetivo dos quadros técnicos da Direção Regional dos Assuntos Culturais. Suspendeu essas funções para cumprir o serviço militar obrigatório como oficial miliciano no Regimento de Infantaria de Angra do Heroísmo, graduado pela Escola Prática de Infantaria de Mafra.

De volta às suas funções na DRAC participou e colaborou no processo de candidatura da cidade de Angra do Heroísmo a Património Mundial pela UNESCO; efetuou trabalhos de levantamentos planimétricos e altimétricos da Sé Catedral, do Palácio dos Capitães-Generais e de outros monumentos da cidade de Angra do Heroísmo, no âmbito da reconstrução e recuperação de imóveis após o sismo de 1980. Colaborou com o arq. Paulo Gouveia no projeto de arquitetura e instalação do Museu dos Baleeiros nas Lajes do Pico e da Casa-Museu Roberto Mesquita na ilha das Flores.

Acumularia ainda com o seu trabalho na DRAC o ensino de geometria descritiva na Escola Secundária de Angra do Heroísmo. Aliás, o gosto pelo desenho técnico ligado à engenharia civil levá-lo-ia a tomar posse como desenhador principal efetivo dos quadros da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, funções que mantém até à presente data, tendo estado envolvido em vários projetos públicos. Colaborou com o arq. Pires dos Santos no projeto de urbanização do Cerrado do Bailão; efetuou e desenvolveu projetos para recuperação do parque escolar básico do concelho de Angra do Heroísmo; acompanhou e participou em diversos projetos de criação ou recuperação artística de monumentos e estatuária no concelho de Angra, sendo atualmente o coordenador do Jardim Duque da Terceira e responsável pela iluminação cénica da cidade aquando das iluminações natalícias. Levou o gosto e a criatividade a outros campos, tendo desenhado várias medalhas comemorativas, prémios e outros projetos como este Monumento ao Terramoto de 1980.

Esteve sempre envolvido em coletividades de cariz recreativo, ambiental, cultural ou social, destacando-se a sua participação como membro do Terceira Automóvel Clube, Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Angra do Heroísmo, Clube Ar Livre da Terceira, Instituto Açoriano de Cultura, Instituto Histórico da Ilha Terceira, Associação Os Montanheiros, Adega Cooperativa dos Biscoitos, tendo em algumas destas assumido papéis na suas direções.
Paulo Barcelos – CMAH

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Última actualização em 2022-08-20