Numa iniciativa da Junta de Freguesia decidiu-se homenagear esta eminente figura nascida nesta vila de São Sebastião, com um programa que se prolongou de 24 a 30 de setembro de 2001, com a realização de palestras, exposições, espetáculos de música e teatro, para além das habituais cerimónias religiosas evocativas. No último dia das comemorações procedeu-se ao descerramento do busto do Pe. Coelho de Sousa no lado norte do adro da igreja Matriz de S. Sebastião. Por essa ocasião foi atribuído o seu nome à Travessa da Igreja que se passou a denominar Rua Padre Coelho de Sousa. No entanto, após a inauguração da Escola Básica Integrada Francisco Ferreira Drummond a Junta de Freguesia solicitou uma alteração toponímica, aprovada em reunião de Câmara de 7 de fevereiro de 2014, voltando a antiga Travessa da Igreja a ter esse nome e dando-se o nome de Rua Padre Coelho de Sousa ao arruamento que passa em frente da EBI Francisco Ferreira Drummond. Nada mais correto que homenagear o professor e homem de letras que foi Coelho de Sousa com a atribuição do seu nome a esta rua em específico.
Quanto ao busto em bronze fundido, é um trabalho que o artista micaelense José Almeida desenvolveu com base em fotografias do homenageado a que teve acesso. Encontra-se colocado sobre um pedestal em pedra que apresenta um conjunto de placas gravadas em três das quatro faces. Na parte da frente do pedestal, virado a nascente, está em cima uma placa que diz: AO PADRE / COELHO DE SOUSA / 1924-1995 / O POVO DA VILA / 30-9-2001. Por baixo desta está outra placa com as inscrições: DESCERRADO SENDO PRESIDENTE / DO GOVERNO REGIONAL DOS AÇORES / CARLOS MANUEL MARTINS / DO VALE CÉSAR / EM 30-09-2001. Da parte sul está outra placa: NATURAL DE S. SEBASTIÃO / E PÁROCO DA SUA MATRIZ / DE 1962 A 1995. Da parte norte outra refere: MANUEL COELHO SOUSA / PADRE, PROFESSOR, JORNALISTA / POETA, DRAMATURGO E ARTISTA / NASC. A 30 DE SETEMBRO DE 1924 / FALE. A 02 DE SETEMBRO DE 1995. Diga-se que foi pároco de S. Sebastião a partir de 1963 e não 1962 como consta na placa.
Manuel Coelho de Sousa nasceu na Vila de São Sebastião a 30 de setembro de 1924 e faleceu em Angra a 2 de setembro de 1995, indo a enterrar no dia seguinte no Cemitério do Bom Fim em S. Sebastião. De personalidade versátil e multifacetada distinguiu-se como figura de relevo no seio da Igreja açoriana. Homem de vários ofícios, foi sacerdote, professor, jornalista, escritor, dramaturgo e pintor. Ingressou no Seminário Episcopal de Angra em outubro de 1937, revelando-se um excelente aluno e mais tarde um notável orador. Foi ordenado sacerdote em Ponta Delgada a 20 de Junho de 1948.
Como homem de letras que era, não lhe foi entregue logo após a sua ordenação qualquer paróquia, preferindo a Diocese colocá-lo nas importantes funções de professor de língua portuguesa no Seminário e Colégio do Padre Damião na Praia da Vitória e no Seminário Episcopal de Angra, acumulando com as funções de Chefe de Redação do jornal A União, cargo que assumiu entre maio de 1956 e junho de 1962, altura em que foi estudar Filologia Hispânica na Universidade de Salamanca mas tendo de voltar por motivos de saúde. É nessa altura nomeado pároco da Vila de São Sebastião cargo que exerceu a partir de julho de 1963 até à sua morte em 1995. Deu ainda aulas de Português e Jornalismo no Liceu de Angra entre os anos de 1973 e 1986. Voltaria novamente a assumir responsabilidade no jornal A União como Diretor-adjunto entre outubro de 1976 e maio de 1978 e logo depois como Diretor entre junho de 1978 e setembro de 1994. Como jornalista publicou também na imprensa escrita um vasto número de artigos, alguns em suplementos culturais, mantendo desde 1954 aos microfones do Rádio Clube de Angra palestras radiofónicas que ganharam grande popularidade, nomeadamente com as rúbricas “A Vida é para ti” e “Voz de Cristo”. Fez ainda parte da Direção do RCA presidida por Raúl Ferraz de Aguiar no biénio de 1975/76.
Enquanto escritor, Coelho de Sousa contribuiu ativamente para a revista Atlântida onde divulgou vários dos seus poemas e outros artigos, mantendo ainda uma intensa colaboração na imprensa escrita, em particular no jornal A União onde se mostrou empenhado nas causas sociais, políticas e religiosas do seu tempo. Publicou vários livros com crónicas de viagem, reflexões de cariz religioso e poesia, sendo de realçar: Poemas de Aquém e Além (1955), Três de Espadas (1979), Na Rota da Emigração Amiga (1983), Migalhas (1987), Boa Nova (1994) e a coletânea de poemas inéditos publicados postumamente pelo seu sobrinho Dionísio Mendes de Sousa, Testamento Poético (2013). Como dramaturgo escreveu algumas peças que ajudou a encenar, levadas ao palco por grupos de teatro locais, como: Ao mar, auto levado à cena nas celebrações do 5.º centenário do Infante D. Henrique no Teatro Angrense em 1960; Angústia, drama em dois atos; Promessa, peça de teatro regional e outra peça com o título Intriga Azul e Branca. No campo das artes, para além da escrita e do teatro, dedicou-se também à pintura.
Por deliberação em Assembleia Municipal a 7 de fevereiro de 2014 o município angrense condecora a título póstumo o pe. Manuel Coelho de Sousa com a Medalha de Honra do Município. Por Resolução da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores n.º 19/2014/A foi-lhe também atribuída, a título póstumo, pelo seu mérito e serviços prestados, a Insígnia Autonómica de Reconhecimento, no Dia da Região de 9 de junho de 2014.
José Carlos de Sousa Almeida. Escultor e Pintor, nasceu em 1959 na ilha de S. Miguel onde reside e trabalha. Os seus dotes artísticos começaram a revelar-se desde muito cedo, antes ainda de ingressar na escola primária, pois era ele quem fazia os seus próprios brinquedos com grande perfeição e pormenor. É um artista autodidata que tem desenvolvido o seu trabalho com grande empenhamento, pondo em prática os ensinamentos que tem recebido no contacto com outros artistas, visitando exposições e museus, consultando literatura e, principalmente, através de uma permanente e aprofundada observação da natureza que considera ser a sua “musa” inspiradora. Teve aulas com o pintor Aristides Âmbar, com a pintora Luísa Ataíde e com a escultora Luísa Constantina. Em 1986 realizou a sua primeira exposição individual de pintura, escultura e desenho, em Ponta Delgada, na Academia das Artes dos Açores de que foi membro. Desde então, efetuou 13 exposições individuais nos Açores e 1 nos EUA e participou em várias exposições coletivas.
Executou as seguintes obras públicas: grupo de três esculturas em pedra de basalto, para o exterior do Centro de Saúde de Vila do Porto, em Santa Maria; estátua do Cardeal D. Humberto de Medeiros, Arcebispo de Boston, colocada no Largo do Bom Despacho (Arrifes, S. Miguel); monumento comemorativo dos 25 Anos da empresa Marques S.A., colocado na entrada das suas instalações na Rua Joaquim Marques, (Ribeira Grande, S. Miguel); monumento aos povoadores da ilha de S. Miguel “A Porta dos Povoadores”, colocado na Povoação; Monumento aos Combatentes do Ultramar, colocado em Ponta Delgada; Monumento ao cão de fila de S. Miguel, colocado em Vila Franca do Campo; busto do Bispo D. David Pimentel, no Nordeste; busto do Pe. Francisco Jacinto d`Amaral, no Nordeste; busto do Pe. Dinis da Luz, no Nordeste; busto de Maria do Carmo Monte, Casa do Trabalho no Nordeste; busto do Pe. João Manuel Raposo de Amaral, no Nordeste; busto do Pe. Ernesto Jacinto Raposo, na Povoação; busto do Pe. José Gomes, nas Feteiras em S. Miguel; busto do Pe. Dinis Anselmo, na Covoada em S. Miguel; busto do Dr. Ernesto do Canto, em Ponta Delgada; busto de Juventino da Silva Correia, cantor e poeta popular, na ilha Graciosa; busto do Pe. Aristides da Cunha, na ilha Graciosa; busto do Pe. Simões Borges, na ilha Graciosa; busto do Pe. Manuel Coelho de Sousa, na ilha Terceira; busto de Joaquim Marques (Empresa Marques S.A.), em S. Miguel; busto de José Dâmaso (Empresa José Dâmaso e Filhas), na Ribeira Grande; busto do Comendador Horácio Roque, fundador do BANIF, em Lisboa; busto do poeta João Teixeira de Medeiros (Heritage State Park, Fall River), nos EUA e o busto de Gaspar Cordeiro, na ilha Graciosa. As suas pinturas e esculturas fazem parte de coleções privadas nos Açores, Portugal Continental, Suécia, Alemanha, Canadá e EUA.
Paulo Barcelos – CMAH