Este monumento homenageia a personalidade que é o Cónego João de Brito e aquilo que fez de forma particular pelo desenvolvimento da paróquia de Santa Bárbara cuja população lhe prestou tão sentido preito. Está colocado no adro, a sul da Igreja paroquial. Consiste de uma base retangular em basalto serrado sobre o qual se ergue um pedestal de secção retangular também no mesmo tipo de pedra, curvado horizontalmente em cima, como se de um “L” invertido se tratasse, para receber o busto fundido em bronze do Cónego João de Brito. Num pedestal está afixada uma placa que traz gravado o brasão da Junta de Freguesia e por baixo os seguintes dizeres: “Homenagem do povo desta comunidade ao / Cónego João de Brito do Carmo Meneses / pelos serviços prestados à / Freguesia de Santa Bárbara. / 29/11/2020
O Cónego João de Brito nasceu na freguesia das Doze Ribeiras a 3 de abril de 1945. Cresceu numa família ligada às atividades da terra, mantendo sempre ao longo da sua vida uma forte ligação às tradições e vivências da sociedade rural, às atividades agrícolas, à etnografia, à gastronomia, aos festejos sociais ou outras rotinas quotidianas sujeitas aos ciclos que a natureza impõe.
Foi em 1957 para o Seminário Menor de Santo Cristo, em Ponta Delgada e em 1959 entra no Seminário Episcopal de Angra onde completou o Curso Preparatório e fez os Cursos Filosófico e Teológico com distinção. Ao longo da sua formação participa ainda nas atividades do Grupo de Escuteiros Clã 25 Bento de Góis, Congregação Mariana, Academia de S. Tomás de Aquino, Conferência de S. Vicente de Paulo e do Orfeão do Seminário. Cria em 1963 o Grupo Desportivo das Doze Ribeiras, grupo que foi responsável por fazer o primeiro campo de futebol da freguesia em 2 alqueires de terra arrendados para esse efeito.
Foi ordenado presbítero na Sé Catedral de Angra a 25 de maio de 1969. Em 1969/70 fez o “Post-Seminário” com trabalho pastoral nas freguesias da Sé, Santa Luzia e Posto Santo. Já nessa altura era um visionário, colocando o seu esforço em novas ideias capazes de impulsionar o bem-estar social e qualidade de vida dos seus paroquianos. Em 1970 mobilizou meios humanos e financeiros na sua freguesia natal que permitiram nos anos seguintes a construção de novas redes de água, de mais chafarizes e bebedouros para a lavoura e de caminhos rurais como o Caminho Litoral da Misericórdia.
De dezembro de 1970 a fevereiro de 1973 esteve na paróquia de São José, em Ponta Delgada, onde foi cooperador pastoral, prestando serviço no Hospital cuja capelania estava confiada a esta paróquia. Esse facto obrigava-o, por vezes, a dormir no hospital pelo que diz, com graça: “Já estive mais de um ano no hospital”. De fevereiro de 1973 a junho de 1974 foi secretário particular de D. Manuel Afonso de Carvalho, Bispo de Angra. Em junho de 1974, com a entrada de D. Aurélio Granada Escudeiro como bispo titular e até dezembro de 1978, manteve as funções de secretário episcopal de ambos. Após a morte de D. Manuel fica ainda até setembro de 1979 como secretário de D. Aurélio. Foi pároco em S. Pedro, em Angra do Heroísmo, de setembro de 1979 a julho de 1990, onde elaborou os estatutos e criou em 1985 o Centro Social Paroquial de São Pedro, o primeiro do género na ilha Terceira, que se tornou na entidade responsável pela gestão do “Centro de Convívio e Recolhimento” na Canada das Almas, uma importante obra social de que foi o grande impulsionador com o apoio da Fábrica da Igreja. Acompanha a construção da nova igreja de São Carlos desde o seu início, saindo da paróquia na altura em que esta estava já na fase de acabamentos.
Foi fundador e diretor artístico do Grupo Folclórico de Doze Ribeiras, criado em 1974, mantendo-se ainda hoje como colaborador ativo na vida desta coletividade que conserva a Casa Etnográfica Pe. João Brito do Carmo Meneses, cujo nome foi uma justa homenagem à sua pessoa. É um dos maiores investigadores açorianos na área da etnografia e folclore. Investigou as danças populares tradicionais destas ilhas, os trajes, as coreografias, as melodias e as letras, fazendo sobre o tema algumas palestras como “Algumas características da música tradicional açoriana e suas variantes” no Curso para Animadores Culturais na Área do Folclore, dando entrevistas e comentando desfiles públicos de natureza etnográfica. Em 1979 foi orador na sessão solene do Sport Clube Angrense com o tema “Subsídios para o Estudo do Balho Popular na Tradição do Povo Açoriano”, apresentação publicada como artigo na revista Atlântida, nº 4. Out/Dez de 1979. É ainda autor de outros apontamentos escritos em jornais e revistas.
Inicia, no ano letivo de 1979/80, a sua carreira como professor da atual Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade. Foi nomeado pela Diocese como professor da cadeira de Educação Moral e Religiosa Católica, fazendo parte do quadro de nomeação definitiva a partir de 1992. Entre 1988 e 1995 foi representante no Conselho Pedagógico como Delegado de Grupo e a partir dessa data, com a mudança na organização curricular, passou a Representante da Disciplina. Aposentou-se desta atividade a 1 de maio de 2008 e deu a sua última aula no dia 1 de junho deste ano.
A 7 de julho de 1990 o Pe. João de Brito assume as paróquias de Santa Bárbara, que mantém ainda hoje, e a das Doze Ribeiras que deixa em 2007. Entre 2008 e 2014 torna-se também pároco das Cinco Ribeiras onde, entre outras beneficiações, foi responsável por melhorar a acústica no interior da igreja e por colocar em 2010 um carrilhão na torre sineira, facilitando o serviço e possibilitando que a mensagem sonora se tornasse mais agradável e diversificada. Há 32 anos como pároco em Santa Bárbara tem trabalhado com a Junta de Freguesia no projeto da zona de recreio e merendas de N. Sra. da Ajuda, uma obra notável a vários níveis, que imaginou e a que deu o arranque. Conseguiu a doação de terrenos, ajudou a coordenar de perto os trabalhos no local e meteu mãos-à-obra, dando o exemplo e incentivo para que outros depois dele continuassem. Despendeu sempre o seu esforço físico e não raras vezes contribuiu financeiramente com o que podia para a concretização daquilo que era um bem para a comunidade. A esta zona de lazer, que ajudou a contruir, foi atribuído o seu nome numa homenagem que a Junta de Freguesia lhe prestou a 25 de julho de 2015, no seu 25º ano como pároco em Santa Bárbara, com a colocação de uma placa em azulejo no largo junto à Ermida de N. Sra. da Ajuda.
Com uma memória muito acima da média é hoje um repositório vivo de informação, mantendo uma curiosidade particular por questões ligadas à genealogia, tendo ajudado inúmeras pessoas a encontrar os seus antepassados.
Foi Ouvidor da ilha Terceira de 2006 a 2009 e Ouvidor adjunto para a Zona Oeste de 2009 a 2012. É atualmente Cónego Emérito da Sé de Angra.
A Assembleia Municipal de Angra do Heroísmo atribuiu-lhe a 20 de setembro de 2002 a medalha de Mérito Cultural e Filantrópico, em reconhecimento pelo trabalho que desempenhou em prol da comunidade. Em reunião do dia 27 de setembro de 2019 a Assembleia Municipal de Angra do Heroísmo voltaria a aprovar, por unanimidade, um Voto de Louvor ao Cónego João de Brito pela comemoração dos 50 anos de serviço à comunidade. Por Resolução nº12/2019/A, de 24 de junho de 2019, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores atribuiu-lhe a Insígnia Autonómica de Mérito Cívico.
José João Sousa Dutra nasceu em 1970 em Angra do Heroísmo. Vive no Porto Judeu onde tem o seu atelier ART IT’S e onde desenvolve o seu trabalho artístico. É um autodidata nas artes plásticas começando muito jovem a observar alguns mestres da pintura e adquirindo o conhecimento de técnicas e materiais. Começa a sua carreira em 1992 e desde então tem vindo a desenvolver e aprimorando a sua própria técnica e estilo, constando já do seu currículo variados trabalhos nas áreas do desenho de ilustração, cenografia e trabalhos de decoração em espaços comerciais e eventos públicos como no caso particular dos carros alegóricos das festas Sanjoaninas e de outras. Na pintura predomina o uso pela pintura a óleo, assumindo-se como um surrealista. No seu percurso consta também a arte do scrimshaw. Conta já com diversas exposições individuais e coletivas em várias ilhas dos Açores, em Lisboa, Coimbra, Figueira da Foz, Galiza, Califórnia, Cabo Verde, Luxemburgo, França e Mónaco, figurando a sua obra em diversas coleções públicas e particulares, nacionais e internacionais, nomeadamente em diversos museus açorianos como no de Santa Cruz das Flores na Sala dos Corsários e dos Piratas. Nos últimos anos dedicou-se também à arte pública na forma de escultura de grandes dimensões, murais ou estatuária. Destacam-se o “Monumento às Artes” e o “Valentes como a Rocha”. Enquanto formador tem participado em Workshops e além da sua atividade pessoal está sempre envolvido em diversos projetos ligados às artes plásticas.
Paulo Barcelos – CMAH