No ano letivo de 2017/18 foi organizado pela Associação de Estudantes da Escola Básica e Secundária Tomás de Borba, nova edição do concurso de ideias Tomás às Voltas, com o objetivo de se instalar uma peça de arte na rotunda junto desta escola. O projeto vencedor, intitulado "Clave de Sol", foi elaborado pela aluna tailandesa Supicha Worapanit, que frequentou este estabelecimento de ensino nesse ano. A Junta de Freguesia de São Pedro assumiu a produção da obra, com o apoio do Governo Regional, contatando o artista José João Dutra para que criasse uma peça de arte pública, com base na ideia vencedora.

Sendo esta uma escola direcionada para as artes, sede do Conservatório Regional em Angra e tendo por patrono Tomás de Borba, músico e compositor terceirense de referência, o artista José João Dutra, cuidou de preservar e destacar o elemento vencedor, apresentando uma imponente peça escultórica de homenagem à música, algo que no dizer do autor “nos diz muito como açorianos e terceirenses em particular”, mas homenageando as artes plásticas em geral, nomeadamente a dança que é outra das valências desta escola. O resultado foi o "Monumento às Artes", uma obra que cria diálogo e dinâmica com o espaço da rotunda, onde uma pauta com notas musicais e as teclas de um piano dão a ideia de uma saia rodando que envolvem um violoncelo que se funde numa clave de sol, permitindo uma leitura diferente conforme vamos contornando a peça. A obra, inaugurada em outubro de 2020, foi primorosamente executada pela serralharia de José Henrique Alves de Sousa e filhos, Lda.

José João Sousa Dutra nasceu em 1970 em Angra do Heroísmo. Vive no Porto Judeu onde tem o seu atelier ART IT’S e onde desenvolve o seu trabalho artístico. É um autodidata nas artes plásticas começando muito jovem a observar alguns mestres da pintura e adquirindo o conhecimento de técnicas e materiais. Começa a sua carreira em 1992 e desde então tem vindo a desenvolver e aprimorado a sua própria técnica e estilo, constando já do seu currículo variados trabalhos nas áreas do desenho de ilustração, cenografia e trabalhos de decoração em espaços comerciais e eventos públicos como no caso particular dos carros alegóricos das festas Sanjoaninas e de outras. Na pintura predomina o uso pela pintura a óleo, assumindo-se como um surrealista. No seu percurso consta também a arte do scrimshaw. Conta já com diversas exposições individuais e coletivas em várias ilhas dos Açores, em Lisboa, Coimbra, Figueira da Foz, Galiza, Califórnia, Cabo Verde, Luxemburgo, França e Mónaco, figurando a sua obra em diversas coleções públicas e particulares, nacionais e internacionais, nomeadamente em diversos museus açorianos como no de Santa Cruz das Flores na Sala dos Corsários e dos Piratas. Nos últimos anos dedicou-se também à arte pública na forma de escultura de grandes dimensões, murais ou estatuária. Destacam-se o “Monumento à Música” e o “Monumento ao Forcado”. Enquanto formador tem participado em Workshops e além da sua atividade pessoal está sempre envolvido em diversos projetos ligados às artes plásticas.
Paulo Barcelos – CMAH