De forma a assinalar os 350 anos da chegada de D. Afonso VI (1643-1683) a Angra do Heroísmo, a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, integrada nas festas Sanjoaninas, inaugurou a 21 de junho de 2019, uma estátua de corpo inteiro deste rei português, de cognome “O Vitorioso”. A estátua em bronze fundido da autoria do escultor açoriano Rui Goulart foi colocada no Monte Brasil, virada a oriente em local sobranceiro, junto à estrada que leva ao cimo do Pico das Cruzinhas. Com a cidade e a ilha como fundo, esta estátua é habitualmente muito fotografada, beneficiando desse bonito enquadramento.
Deposto a 27 de janeiro de 1668 por decisão do Conselho de Estado, pela sua comprovada incapacidade de governar e garantir a sucessão ao trono, foi votado a passar o resto dos seus dias em reclusão, longe da vista e influência da Corte. Já com seu irmão D. Pedro II como regente veio exilado para a ilha Terceira onde viveu durante cinco anos na Fortaleza de São João Baptista.
Esta estátua foi inaugurada às 16h00 horas, sendo esse o momento em que 350 anos antes, a 21 de junho de 1669, saiam de terra os bateis para irem buscar D. Afonso VI à caravela onde se encontrava, fundeada na baía de Angra desde o dia 17. O seu exílio terminaria a 30 de agosto de 1674 dia em que se ausentou da ilha rumo a Lisboa.
Durante o período em que esteve nesta ilha, D. Afonso não deixou de ser rei. Não foi o único a pisar solo terceirense, mas foi o único que aqui viveu. Nas palavras da edilidade angrense, foi sua intenção recuperar a memória e a imagem do rei, agora liberta do estigma que durante tanto tempo pairou sobre a sua figura. Esta obra celebra também a tolerância e hospitalidade da comunidade angrense, que todos sabe bem acolher.
Rui Goulart, escultor açoriano nascido a 1968 na Ilha do Pico, onde viveu até aos 18 anos, atualmente radicado em S. Miguel. Desde muito cedo sentiu vocação para o desenho figurativo, sendo influenciado ao longo dos anos por novas e variadas técnicas, que marcaram de forma direta toda a sua trajetória artística. Essa atitude multifacetada está bem expressa na sua obra. O gosto pelas artes plásticas e as oportunidades profissionais que foram surgindo tornaram possível sustentar essas duas formas de expressão que se completam na essência: o design gráfico e a escultura. Na maioria dos casos o seu trabalho apresenta-se sob a forma de Arte Pública (geralmente homenagens), das quais se destacam os monumentos, estátuas e bustos, tendo também desenhado medalhas. Já expôs individual e coletivamente por diversas vezes e está representado nalgumas ilhas dos Açores, assim como no continente português, Canadá e EUA.
Paulo Barcelos – CMAH