Este monumento, inaugurado a 8 de outubro de 2023 pelo Município de Angra do Heroísmo, assinala os 80 anos da chegada das tropas britânicas a Angra do Heroísmo, motivadas pelas facilidades que o Estado Português concedeu à Inglaterra. Este acontecimento, completamente inesperado para a população terceirense, acontece no contexto da Segunda Guerra Mundial, onde a relevância geoestratégica da ilha se mostrava, à época, de grande importância para um acontecimento como este, de dimensão mundial.
A obra, colocada no passeio em posição de destaque à vista do Porto das Pipas, sobre uma base retangular forrada com lajetas de basalto serrado, é composta por uma placa de aço corten colocada verticalmente “que simboliza os barcos que nos seus porões de aço trouxeram a delicada esperança e foram os mensageiros de uma vida melhor para muitos habitantes a quem a pátria mãe por si só nunca foi capaz de proporcionar”, tendo como elementos decorativos um conjunto de cinco figuras estilizadas que lembram os barcos de papel que aprendemos a construir em criança. Rui Melo, autor da peça escultórica refere também: “Numa perspetiva simbólica transformam-se os barcos de guerra em barcos de papel, porém desenhados em aço, numa referência, por um lado, à fragilidade do equilíbrio civilizacional comprometido à época e, por outro lado, à força do aço, necessária para o alcance da paz e dos valores humanistas. As embarcações chegaram numa altura de grave contexto político global e, talvez sem essa perceção, serão eles os mensageiros de uma nova vida para a ilha Terceira que, depois deste acontecimento, nunca mais foi igual, moldada que foi pelos benefícios socioeconómicos daí decorrentes". De facto, a presença deste contingente inglês durante os 3 anos em que permaneceu nesta ilha possibilitou algum desenvolvimento económico e ajudou a promover uma mudança cultural e de mentalidades da população, principalmente daqueles que direta ou indiretamente interagiram com estes militares, isto num período em que a ilha de outra forma estaria provavelmente condenada a atrasar-se em relação ao resto do país e da Europa.
O monumento apresenta o seguinte texto: NO DIA 8 DE OUTUBRO DE 1943 TEVE INÍCIO O DESEMBARQUE, / NO PORTO DAS PIPAS, DO GRUPO 247 DAS FORÇAS MILITARES BRITÂNICAS, / NUM TOTAL DE CERCA DE 3.000 HOMENS E VARIADO EQUIPAMENTO, / QUE HAVIA DE PERMANECER NA ILHA TERCEIRA / ATÉ AO DIA 3 DE OUTUBRO DE 1946, / NO CONTEXTO DE AÇÕES MILITARES DOS ALIADOS / NO DECURSO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.
Rui Melo nasceu em 1973 na freguesia dos Biscoitos. Licenciou-se em Artes Plásticas – Pintura, pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, em 2002. Expõe regularmente desde 1993, individual e coletivamente em Portugal e em eventos internacionais. Foi artista selecionado para a exposição ARTE HOJE, organizada pela Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa, 2014. Está presente na Recriação da Estação X da Via Sacra da Sé Catedral dos Açores (exposição permanente), projeto realizado por 14 artistas contemporâneos açorianos convidados pela Comissão Diocesana para a Cultura – Açores, 2014. Pintou o retrato oficial de Sua Excelência Reverendíssima D. João Lavrador, 39° Bispo de Angra, a convite da Fábrica da Igreja da Sé Catedral de Angra, 2021. Está representado nas coleções: "ARQUIPÉLAGO - Centro de Artes Contemporâneas" Ribeira Grande – Açores, Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, Museu de Angra do Heroísmo, na sala VIP do Aeroporto Internacional das Lajes e em diversas coleções particulares. É responsável pela ilustração das capas da reedição integral da obra literária de Álamo Oliveira, pela editora Companhia das Ilhas, 2017-2022. Concebeu a peça escultórica de Arte Pública Comemorativa do 80.º aniversário do desembarque das Forças Militares Britânicas em Angra do Heroísmo, 2023. Exerce a docência no ensino público, na área das Artes Visuais, desde 2003. Prémio ARTE HOJE – Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa, 2014.
Vem referido no artigo de Ana Nolasco: “Islandscapes of the Azores and Madeira in the art of Nuno Henrique, Maria José Cavaco and Rui Melo”, publicado na revista científica SHIMA: The International Journal of Research Into Island Cultures, editada pelo Island Cultures Research Centre da Macquarie University, Sydney - Australia, 2019. Versão em língua portuguesa publicada na Atlântida – Revista e Cultura, volume LXVIII, Instituto Açoriano de Cultura, 2023. É também referido por Álamo Oliveira no artigo “Sobre a pintura de Rui Melo”, publicado no jornal Diário Insular (Açores) - Suplemento Vento Norte – 22 de junho de 2006.
Paulo Barcelos – CMAH