É conhecido por Reguinho uma vala aberta na parte superior da encosta exterior da Serra de Santa Bárbara, criada com o propósito de captar água. Tendo sido escavada com cerca de 2 metros de profundidade e 1 de largura na parte mais alta da serra, onde o terreno começava a descer para as freguesias, foi possível intercetar as águas que corriam superficialmente e algumas que afloravam nos taludes desta vala, libertadas lentamente pelas turfeiras de altitude. A calha em telha de barro colocada no fundo do Reguinho, ao longo de toda a sua extensão, impedia que a água se voltasse a infiltrar e conduzia-a até ao local onde entrava nos tubos, descendo a encosta da serra. Passando por algumas caixas de perda de pressão, chegava finalmente aos chafarizes, junto das populações.
O vigário da freguesia da Doze Ribeiras, que presidia à comissão responsável pelo abastecimento de água às freguesias do oeste, foi um dos que muito lutou por este projeto do Reguinho, com o propósito de trazer água potável até esta freguesia. Envolveu os seus paroquianos, que contribuíram com o transporte de materiais e nos trabalhos realizados na serra. A convite deste vigário, houve também um grande investimento por parte das Juntas de Paróquia de S. Bartolomeu, que contribuiu com a verba de noventa mil reis, e de Santa Bárbara que contribuiu com a verba de cem mil reis. Muitos barbarenses contribuíram também na condução dos materiais necessários e nos trabalhos de abertura das valas. Afinal, pensava-se que este projeto seria um melhoramento substancial no abastecimento de água às populações destas três freguesias. No entanto, os objetivos atingidos ficaram muito aquém dos esperados.
Nas Doze Ribeiras, expropriados os prédios para formar a praça, apressou-se a construção do novo chafariz, inaugurado a 30 de agosto de 1863. Quando a água do Reguinho aqui brotou pela primeira vez, percebeu-se já que o pequeno caudal era insuficiente para beneficiar as populações das outras duas freguesias, pelo que não terá chegado a ser derivada para essas.
Em 1867/68, num projeto suportado pelo Estado, a água de que Santa Bárbara tanto precisava foi buscá-la ao alto da serra, ao chamado Poço Negro. Mas os caudais eram baixos e temporários, sobretudo no verão, servindo para abastecer uma única bica que foi montada provisoriamente junto à Ribeira das Sete. Apesar da pouca água disputou-se entre a população o local definitivo onde seria montado o chafariz, que acabou, no entanto, por ser edificado em agosto de 1875 no mesmo local onde estava provisoriamente.
Paulo Barcelos – CMAH